Silêncio


Estou cansada de amealhar coisas e circusntâncias ao longo da vida
Estou cansada do ébrio, do obvio, do batido, do já lido e já feito
Estou cheia de cair todas as noites no mesmo vazio, do mesmo penhasco nesse sonho repetitivo
Cansei de esmolar teu amor a cada beco sujo, ruela ou sarjeta que me encontre
Ando pensando...
Parei para ouvir o silêncio!
Talvez o maior de todos os preceitos.
É no silêncio que a voz não fala e a boca cala, basta apenas um olhar.
No mudo é que o mundo acontece, um zunir de um mosquito vira musica ou monotonia, se prestar atenção o cantar dos pássaros e buzinas de carros pareçam uma sinfônia
É nele; no meio do vazio, o vazio que só ele traz, que a magia acontece, o amor aparece em meio a uma epopéia, as mãos se tocam, os olhares se cruzam e as bocas se beijam.
O silêncio é a sintônia de todas as emoções, até da razão, pois se pensa melhor.
Pode ser também preceito de dor pois como dizia o cantor "é o que precede o esporro".
Cansei da vida vazia e vaga onde o silêncio agora se propaga, por isso notei como ele é belo.
Mas agora quero ainda mais a minha musica.
Quero ouvir minha voz outra vez.
Quero minha monotonia barulhenta, viver nessa cidade violenta, estranha, mas que é meu lugar
Ainda não cansei de ir lá pro alto, na pedra mais "bonita" e olhar o mar
Ainda não cansei de sentir saudades, de voar, tomar um chopp na Vinícius e ziguezaguear com minhas fotografias fotografadas, quase biografias de cada passo dado no calçadão de Ipanema
Ainda não cansei da princesinha do mar e nem de vê-las passar, na verdade acho que cansei da futilidade, de tentar entender a vida e de querer amar.
Cansei do conformismo e de tentar esquecer, como minha caneta é extensão de meus braços, minhas lágrimas tinta de sangue azul pra desabafar em minha pele morna e branca de papel, não sei o que sinto, é só um desabafo de dor na carne e um alívio na alma de poesia.
Ainda me lembro daquela boate, naquela noite, sonho com aquela canção, onde aquele amor aconteceu, mãos eufóricas e beijos esfuziantes, é foi infinito enquanto durou mais acabou...
Cansei de tentar te esquecer!
Agora eu ouço!
Agora eu vejo!
Pra você...
Silêncio!!!

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info: É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

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